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quinta-feira, 3 de março de 2011

Fantasma


A tempestade cai furiosamente. Os tons negros e cinzas dominam o céu, tirando a lua e as estrelas do meu campo de visão. A rua deserta perde-se na escuridão, a não ser pelos breves segundos em que os raios rasgam o céu estrondosamente.
Se alguém ousasse observar através da janela como eu faço agora, provavelmente me consideraria uma alma perdida nessa casa considerada mal assombrada, um vulto triste e solitário, apenas uma sombra vagando pelo mundo dos vivos. Essa ideia não está longe de ser verdade. Eu não sou um fantasma nem algo parecido, mas vago sozinha por essa casa há alguns anos, e já não me lembro como é caminhar pelas ruas em um dia de sol. Nesses raros dias em que a luz solar brilha no céu sem nuvens e traz um pouco de alegria e movimento às ruas da cidade, eu me tranco no quarto escuro do último andar, onde nem mesmo em um dia assim as trevas dão lugar àquela luz brilhante que há lá fora.
Mas nos dia normais, como nessa noite, em que o caos da tempestade domina a cidade, eu fico aqui nessa janela do térreo, de uma forma que, quem olha lá de fora, realmente vê uma alma atormentada e perdida em um mundo obscuro qualquer.

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