Não
consegue fugir daquela cara horrenda, sempre sorrindo, com olhos arregalados e
injetados de sangue. Fecha os olhos para tentar apagar, mas está ali, estampada
em suas pálpebras. A boca arreganhada numa careta desfigurada, o líquido
vermelho escorrendo pelo rosto. Então, acorda toda molhada, suando frio,
gritando, procurando uma luz. Respira fundo, foi tudo um pesadelo. Mas quando
senta na cama, de frente ao espelho, ali estão elas caindo de seus olhos: as
lágrimas de sangue.
terça-feira, 10 de abril de 2012
Ausência
Olhava seu corpo flácido suspenso, balançando no alto, a cabeça tombada, um trapo humano que apenas confirmou a ausência de vida ao pular aquele prédio com a corda no pescoço. Mas será que finalmente encontrara a tão sonhada liberdade? Não, a realidade não mudou tanto assim. Continua se arrastando pelos cantos à procura de descanso, gemendo e sussurrando lamentos, sem, no entanto, ser ouvido pelos pobres mortais que passam por ali. Mas poderia chamar aquela medíocre existência de corpo físico de vida? Não, eu acho que não. Não há um paraíso a nossa espera, afinal.