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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Profundezas



         Tudo o que eu vejo é um borrão de figuras embaraçadas e enevoadas. Tigres, leões, elefantas, lonas coloridas, zumbis, salas de aula, risadas, choro, desespero, morte. Todas essas lembranças dançam e se contorcem freneticamente em minha mente, paralisando-me. Há apenas esse torpor em que a realidade mistura-se com devaneios, sonhos e temores. É como olhar para o mundo estando submersa em água, e à medida que me aproximo das profundezas, as imagens e sons vão se difundindo e se perdendo, até que eu não posso mais voltar à superfície. A água invade meus pulmões. Não posso respirar e eu nem me preocupo em lutar para voltar, até que tudo fica escuro e silencioso. Finalmente posso descansar.