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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fome


Eu seguia em frente na estrada molhada e lamacenta, ignorando a tempestade e a fome. Na verdade, eu ignorava quase tudo, a não ser o grande castelo sombrio que surgira no horizonte.
Eu não parecia sentir as dores que deveriam existir em meu corpo, onde se localizavam os hematomas que, mesmo sem ver, eu sei que se espalhavam por toda a pele, nem aparentava estar ciente do emaranhado dos meus cabelos com galhos e folhas e das manchas por toda a minha roupa. Eram manchas variadas, algumas vermelhas destacando-se no manto sóbrio e escuro que deixava pouquíssima pele à mostra, outras eram escuras, marrom ou verde musgo como se eu tivesse passado uma longa temporada na floresta selvagem.
Nada disso tirava meu foco. Eu continuava andando em linha reta, com a expressão vazia. Tinha o olhar fixo, mas sem demonstrar nenhuma emoção. Era um estranho impulso que me mantinha em movimento.
Parei subitamente. Afastei meus lábios lentamente, esboçando um sorriso. Espera, aquilo não era um sorriso. Eu mostrava meus dentes ferozmente, como se pretendesse atacar alguma coisa.
Só então entendi o que era aquele líquido vermelho que escorria de meus lábios e manchava minha roupa. E a fome. Não era fome afinal. Era sede. Eu tinha sede de sangue.
Um grito horrendo atravessou minha garganta.

Como coisas vampirescas estão em alta, esse foi um pequeno sonho que tive e resolvi colocá-lo aqui. Espero que tenham gostado.